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Arquitetos: MMGS ARCHITECTS
- Área: 800 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Ramitha Watareka
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Fabricantes: Sumith Nishantha, Vado Taps, VitrA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Há muitos anos a austríaca Pia Nesensohn adotou o Sri Lanka como sua segunda casa. Recentemente, ela decidiu construir um refúgio tropical em meio a densa floresta às margens do 'Madu Ganga'. Implantada em uma encosta inclinada em direção ao rio, a Villa Pia é um edifício de formas simples e puras, materiais rústicos e um paisagismo exuberante. Madu Ganga, é um riacho e um ecossistema fluvial – ou manguezal – no sul do Sri Lanka rico em biodiversidade de flora e fauna. O clima tropical da região é caracterizado por um alto índice pluviométrico bem distribuído ao longo do ano.
Como boa parte desta propriedade de mais de mil e setecentos metros quadrados encontra-se inserida dentro dos limites da reserva ecológica do Madu Ganga, o edifício ocupa uma pequena parcela afastada, porém, mas com amplas vistas para o rio. Concebido como uma extensão da paisagem tropical, o edifício é caracterizado por amplas aberturas, formas simples e materiais rústicos e sistemas construtivos locais. Ao invés de implantar o edifício sobre palafitas, os arquitetos optaram por construir um platô onde a casa repousa encaixada na encosta, integrando-se à inclinação natural do terreno. Desta forma, o edifício foi projetado para adaptar-se as condições naturais existentes. Muros de arrimo foram concebidos para diluir as intervenções e o movimento de terra, minimizando o impacto da construção na paisagem natural.
A experiência arquitetônica se desenvolve em progressão a partir do nível mais elevado, descendo progressivamente até o jardim posterior próximo ao rio. Enquanto descende no plano físico, pouco à pouco a arquitetura vai se elevando no plano empírico. Um percurso de cascalho vermelho guia os visitantes a partir da rua de acesso ao longo do declive até o edifício. Flanqueando os muros de arrimos de pedra que constroem a topografia construída do terreno, a porta de entrada da casa se abre diretamente para a sala de estar, a qual faz frente a uma piscina linear que faz a mediação entre os espaços interiores e a exuberante paisagem do Madu Ganga.
A área de uso comum da casa, localizada no pavimento térreo, é um espaço amplo ladeado por dois muros de pedra que direcionam as vistas para a paisagem em declive em direção ao rio. O piso acabado em cimento queimado se esparrama para além do espaço delimitado pela arquitetura, extravasando em direção à encosta e ampliando a sensação de espaço. O volume superior do edifício é uma caixa de concreto em balaço em ambos os lados, a qual se apoia delicadamente sobre os muros de pedra que definem os limites dos espaços interiores no térreo. Sua fachada, de frente para o rio, é composta por uma única abertura contínua protegida por uma série de persianas de madeira, as quais permitem proteger os espaços interiores, faltando a luz e permitindo uma ventilação natural permanente.
A luz suave e difusa que banha os espaços interiores, filtrada pelas venezianas e pelas copas das árvores, cria um conjunto de padrões de luz e sombra que se transformam ao longo do dia e do ano. À noite, a luz vaza através destas mesmas aberturas, iluminando a exuberante vegetação e a superfície da água, criando uma iluminação sutil que reflete as características rústicas dos seus materiais. Os balanços funcionam como um beiral, protegendo os espaços abertos cobertos das fortes chuvas. Um paisagismo de formas sinuosas e orgânicas demarca os limites entre a paisagem construída e a natural, funcionando como elemento de mediação entre estes dois âmbitos.